segunda-feira, 30 de abril de 2007

Como era o Feudalismo...





Os historiadores costumam criar nomes para as épocas que estudam. A Idade Média, que durou quase mil anos, foi o nome dado por estudiosos do século 16 ao período entre a Antiguidade e o século em que eles estavam. Vamos voltar no tempo, entre os séculos 11 e 13, na Europa Ocidental, para conhecer um período da Idade Média chamado feudalismo. A agricultura e o pastoreio eram então as principais atividades, embora também houvesse comércio e artesanato.

Havia vários grupos sociais distribuídos nas cidades e no campo. Os senhores feudais eram aqueles que tinham terras (principal forma de riqueza da época) e prestígio. Podiam ser cavaleiros ou membros do alto clero, como bispos e abades, e formavam a chamada nobreza. Existiam dois tipos de senhores feudais: os suseranos (mais ricos e poderosos) e os vassalos, vindos de famílias menos conhecidas. Quanto maior fosse o número de vassalos que o suserano tivesse à sua disposição para ajudá-lo nas batalhas e tribunais, mais poderoso ele era. No entanto, a população era composta na maioria por trabalhadores rurais, sobretudo servos, que viviam em terras emprestadas pelos senhores, tendo que dar em troca trabalho, dinheiro e parte da produção agrícola e artesanal. Em geral, eles não podiam abandonar as terras, que eram passadas de pai para filho. Mas por que esse período da Idade Média é chamado feudalismo? Quando os vassalos realizavam algum serviço para o suserano, recebiam um presente que podia ser senhorios (terras com trabalhadores) ou rendimentos: esse presente era chamado de feudo. Feudalismo, então, significa a sociedade em que suseranos e vassalos, ligados por laços de lealdade, dominavam os trabalhadores rurais. O poder não pertencia apenas a senhores feudais: a Igreja Católica controlava a vida das pessoas, dos mais ricos aos mais miseráveis. Quase toda população da Europa Ocidental era obrigada a ser católica. A Igreja também tinha muitas terras (feudos) e recebia a décima parte de tudo o que era produzido na região.
Ela também definiu a sociedade feudal, organizada em três grupos sociais: religiosos, guerreiros e trabalhadores. A ordem dos religiosos era formada pelos membros do clero, que era dividido em baixo clero (com menos prestígio e sabedoria) e alto clero (vindo da nobreza). Os guerreiros eram cavaleiros e lutavam ajudados por trabalhadores rurais que combatiam a pé (peões). A ordem dos trabalhadores era formada sobretudo pelos comerciantes, artesãos e trabalhadores rurais. Com o crescimento do comércio nos séculos 12 e 13, alguns trabalhadores enriqueceram e dominaram as cidades, que só conseguiram a independência por meio de lutas ou comprando a liberdade. Para evitar o ataque de inimigos, muitas cidades foram cercadas de muralhas, ficando conhecidas como burgos e seus habitantes como burgueses. Permanecia a oposição entre os mais ricos e a maioria da população urbana... Muitos aspectos da sociedade feudal ficaram por tratar. Mas isso vai ficar para outra ocasião...


adaptado do artigo originalmente publicado em Ciência Hoje das Crianças 44 escrito por: Francisco José Silva Gomes, Universidade Federal Fluminense

domingo, 29 de abril de 2007

As mulheres na Idade Média






Texto de Lady Marged, com base em diversas fontes bibliográficas



Na Antigüidade, a sociedade era matriforcal, ou seja, o nome e os bens de família eram passados de mãe para filha. A mulher era quase uma figura divina, admirada; pois seu ventre era capaz de gerar a vida, e isso era algo espetacular para os homens primitivos. Porém, com o passar do tempo, a figura do homem começou a se relevar, até o momento em que se proclama ser superior em relação à mulher.
Isto torna-se bastante evidente no período denominado Idade Média, também conhecido por "Idade das Trevas". Essa época foi marcada pela consolidação e expansão da fé cristã pelo Império Romano, dando à Igreja Católica um poder extremamente grande que controlava a vida e a mentalidade das pessoas, principalmente os simples camponeses, grandes massas de pessoas que tinham uma "fé cega", que viviam temendo o inferno e o diabo.

A vida das mulheres medievais não era fácil. De acordo com a classe social a que pertenciam suas funções variavam. Nas classes mais altas, as mulheres tomavam conhecimento em política, economia e até em disputas territoriais. As mulheres dos senhores feudais eram responsáveis pela organização do castelo; supervisionavam tudo, desde a cozinha até a confecção de vestimentas. Elas tinham que saber como preservar a carne e alimentos e também coordenavam todos os empregados. Além disso, tinham que estar preparadas para defender o castelo na ausência de seu marido. As camponesas trabalhavam junto com seus maridos nas terras do senhor feudal e, além disso, ainda tinham que cuidar dos afazeres domésticos.
As mulheres não tinham muitas opções: ou se casavam, ou iam para os conventos. Entretanto, o convento não era para qualquer uma, e sim, para uma minoria da alta classe que tinha que pagar uma taxa bastante cara para se tornar uma freira. A maioria porém, estava destinada ao casamento e a uma vida submissa ao marido. As meninas eram educadas somente para este fim: serem boas esposas.
O casamento era arranjado pelo pai quando sua filha ainda era criança. A mulher era como uma propriedade, usada para obter vantagens. Os casamentos geralmente visavam o aumento de terras. Nas classes sociais mais altas, as meninas eram casadas com a idade de oito anos. A mulher era objeto de seu marido, devendo a este obediência e fidelidade. Dirigia-se a ele com formas de tratamento respeitosas como "meu amo e senhor". Era permitida a agressão física a mulheres quando o marido achasse que ela o havia desobedecido e as histórias de mulheres que sofriam agressões eram contadas nas vilas em tom humorístico. As agresões não podiam causar a morte nem incomodar os vizinhos, entretanto, em caso de adultério flagrante, o marido tinha o direito até mesmo de matar a própria esposa. A lei não poderia intervir em nada.
Todas as mulheres deveriam aprender sobre a cura e medicina familiar. Mas não deveriam se aprofundar ou aprender muito sobre a cura, pois seriam consideradas bruxas; uma verdadeira contradição.
Como se tudo isso não fosse o suficiente, durante a era das fogueiras, o Tribunal do Santo Ofício condenou milhares de pessoas à morte, a maioria mulheres inocentes. Estas eram acusadas de bruxaria, muitas vezes, por inveja de outros ou por serem mulheres solteiras e solitárias. O livro Malleus Maleficarum de 1486, escrito por inquisidores alemães, dizia que as bruxas armavam uma conspiração para dominar o mundo. A obra também explicava como localizar a presença de bruxas e identificar feitiços. Como as mulheres tinham que saber um pouco sobre a cura, muitas delas, além de parteiras e cozinheiras, também foram acusadas de bruxaria e condenadas à fogueira.
Para provar a propensão natural da mulher à maldade não faltavam argumentos aos autores do Malleus. A começar por uma falha na formação da primeira mulher, por ser ela criada a partir de uma costela recurva, ou seja, uma costela no peito, cuja curvatura é, por assim dizer contrária à retidão do homem. A própria etimologia da palavra feminina confirmava essa fraqueza original: segundo eles, femina, em latim, reunia em sua formação as palavras fide e minus, o que quer dizer menos fé.Defender idéias assim não era exclusividade dos dois inquisidores alemães. A aversão à mulher como ser mais fraco e, portanto, mais propenso a sucumbir à tentação diabólica era moeda corrente em todas as regiões da Europa - dos pequenos vilarejos camponeses aos grandes centros urbanos. Nos sermões de padres por toda a Europa, proliferava a concepção de que a bruxaria estava ligada à cobiça carnal insaciável do "sexo frágil", que não conhece limites para satisfazer seus prazeres. Com seu "furor uterino", para o homem a mulher era uma armadilha fatal, que podia levá-lo à destruição, impedindo-o de seguir sua vida tranqüilamente e de estar em paz com sua espiritualidade.
A mulher, apesar de trabalhar tanto quanto o homem estava sempre em grau de inferioridade. A identidade do pecado original, principalmente na história do cristianismo, foi um fardo pesado para a mulher até o século XVIII. Desde os primeiros cristãos, a busca da austeridade religiosa tornou-se não só uma regra para o aprimoramento espiritual, mas também consagrou o papel da mulher como a principal tentação mundana, capaz de afastar o homem do caminho da purificação. Uma norma que na Europa, a partir do século VI, quando São Bento de Nursia fundou o mosteiro de Monte Cassino na Itália, deu início ao movimento monástico beneditino que marcaria profundamente a atitude religiosa do continente.
Abaixo, alguns pensamentos e frases que dizem respeito às mulheres, a partir da visão masculina:


"Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher." (Eclesiástico 25:26)


"Tu deverias usar sempre o luto, estar coberta de andrajos e mergulhada na penitência, a fim de compensar a culpa de ter trazido a perdição ao gênero humano... Mulher, tu és a porta do Diabo." (Quinto Tertuliano, escritor cristão, século III)


"Dentre as incontáveis armadilhas que o nosso inimigo ardiloso armou através de todas as colinas e planícies do mundo, a pior é aquela que quase ninguém pode evitar: é a mulher, funesta cepa de desgraça, muda de todos os vícios, que engendrou no mundo inteiro os mais numerosos escândalos." (Marborde, monge de Angers, século Xl)


"Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-lo."(Bernard de Morlas, monge da Abadia de Cluny, século XII)


"A mulher é um verdadeiro diabo, uma inimiga da paz uma fonte de impaciência, uma ocasião de disputa das quais o homem deve manter-se afastado se quer gozar a tranqüilidade." (Francisco Petrarca, poeta italiano, século XIV)


"Que se leiam os livros de todos aqueles que escreveram sobre feiticeiros e encontrar-se-ão cinqüenta mulheres feiticeiras, ou então demoníacas, para um homem." (Jean Bodin, jurista, sociólogo e historiador, século XVI)


"Pois a Natureza pretende fazer sempre sua obra perfeita e acabada: mas se a matéria não é própria para isso, ela faz o mais próximo do perfeito que pode. Então, se a matéria para isso não é bastante própria e conveniente para formar o filho, faz com ela uma fêmea, que é um macho mutilado e imperfeito." (Laurent Joubert, conselheiro e médico inglês, século XVII)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Sobre a Pré-história






É o período compreendido entre o aparecimento do homem sobre a Terra (há aproximadamente 2 milhões de anos) e o surgimento da escrita, por volta do ano 4000 a. C., quando, a partir daí, teve início a História.


Todos os seres humanos descedem do mesmo ancestral comum, o hominídeo, cujos fósseis mais antigos foram localizados no continente africano. As primeiras espécies encontradas foram o Australopithecus e o Homo habilis.


O Australopithecus possuia uma arcada dentária e um esqueleto idênticos aos do homem atual. Além disso já andavam sobre dois pés e possuia um cérebro pequeno. Já o Homo habilis foi o primeiro a fabricar e utilizar instrumentos para diversos fins, além de já ter domínio sobre o fogo.


Parece ter sido o Homo erectus a última escala evolutiva até o homem atual. Foi ele quem primeiro abandonou a África, com seu nomadismo, espalhando-se pelo mundo.


Antes de chegar à espécie atual, o Homo sapiens, o homem passou por uma série de transformações, conforme atestam os fósseis encontrados em Neanderthal, na Alemanha, e em Cro-Magnon, na França.
Após uma longa evolução, que se iniciou há cerca de 1 milhão de anos, os descendentesdos primeiros hominídeos espalharam-se pela Ásia, África e Europa

Períodos da Pré-história


A Pré-história pode ser dividida em três períodos: o Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida e a Idade dos Metais:


Paleolítico - é caracterizado pelo uso de utensílios elaborados a partir da pedra lascada. Nesse momento, o ser humano era nômade, subsistindo a partir da coleta, da caça e da pesca. Constituía comunidades onde predominava a propriedade coletiva dos meios de produção.


Neolítico - é marcado pelo processo de sedentarização da espécie humana. A partir do domínio sobre técnicas agrícolas e da criação de animais, formaram-se os primeiros núcleos urbanos e deu-se a organização das tribos, que correspondem a formações sociais mais complexas.


Idade dos Metais - foi o momento em que o ser humano, aperfeiçoando técnicas de metalurgia, conseguiu elaborar instrumentos de trabalho e armas. Com isso, alguns grupos passaram a deter a hegemonia sobre outros e as sociedades dividiram-se em classes sociais.


Um pouco de curiosidade!







Dodô

O Dodô era uma
ave a qual as asas haviam se atrofiado e sendo assim não podiam mais voar, que viveu há 200 anos no atual Holoceno atrás em pequenas ilhas do Oceano Indico, nas ilhas Maurício, Reunião e Rodrigues sendo que existiam cerca de 9 espécies diferentes, 3 espécies diferentes em cada ilha. As primeiras descrições dessas aves mostram-na como uma ave desajeitada e feia, que "mal podia arrastar-se pesada e desajeitadamente" e que "esta massa bizarra se sustenta mal sobre dois pés". A figura mais antiga de Dodô de que se conhece é de 1601, feita por De Bry, e representa um animal que fora levado vivo para a Holanda por Van Neck, explorador holandês que andou em regiões próximas as Ilhas Maurício no final do século XVI. Roelandt Savery pintou o Dodô várias vezes: Berlim, 1626; Viena, 1628; Haia; Estugarda e Londres (Zoological Society e British Museum), Oxford e Harlem. Na biblioteca do último imperador da Áustria, existe um desenho atribuído a Hoefnagel que se pensa datar de 1620, feito a partir de animais do aviário do imperador. Justamente pelo Dodô ter algumas dessas qualidades já mencionadas ( não poder voar, ser desajeitada e possuir grande quantidade de carne ) é que diversos marinheiros ao passarem próximos a essas ilhas abatiam diversos animais com o intuito de alimentarem e a matança chegou a tal ponto que a ave se tornou extinta no século XVIII. E essa tragédia não termina por ai, pois a extinção de uma espécie não se dá sem efeitos nocivos sobre outras espécies, como uma árvore chamada "Calvária", cujas sementes alimentavam o Dodô também está prestes a desaparecer. Sua semente só conseguia germinar depois que o Dodô se alimentasse de seu fruto e "gastasse" a casca grossa da semente. Hoje existem apenas 13 árvores de "Calvária" no mundo. As que ainda resistem têm mais de 300 anos de idade. Sem o Dodô, a Calvária está prestes a desaparecer para sempre.






Dados da Ave:






Nome: Dodô



Nome Científico: Raphus cucullatus



Época: Holoceno



Local onde viveu: Ilhas do Oceano Indico



Peso: Cerca de 23 quilos



Tamanho: 50 centímetros de altura



Alimentação: Herbívora



Conceitos de História





Conceituar é tarefa difícil, senão impossível. Toda conceituação é incompleta, imperfeita. Condensar em poucas palavras todo o conteúdo de idéias de um objeto ou de coisa torna-se tarefa, já o dissemos, quase impossível. Para facilitar (ou dificultar) veja como vários estudioos definiram a História.




1 - "A história é uma pesquisa que nos ensina o que o homem fez, portanto, o que é o homem." (Collinwood).


2 - "O objetivo da História é por natureza o homem." (Marc Bloch)


3 - "A história está para a humanidade assim como a memória está para o indivíduo, é a memória coletiva." (Piancantol)


4 - "A história é um profeta com o olhar voltado para trás. Pelo que foi e contra o que foi e anuncia o que será."(Eduardo Galeano)


5 - "Não há história pura, não há história imparcial. Toda história serva à vida, testemunho e compromisso." (José Honório Rodrigues)


6 - "A história é um processo dinâmico, dialético, no qual cada realidade traz dentro de si o princípio da sua própria contradição e que gera a transformação constante na História é a luta de classe."(Karl Marx)


7 - "A realidade do social, a realidade fundamental do homem revê-la inteiramente nova aos nosso olhos e, queiramos ou não, nosso velho ofício de historiados não cessa de brotar e de reflorir em nossa mãos (...) Sim quantas mudanças!(...) Todas as Ciências Sociais, inclusive a História, evoluíram, igualmente de maneira espetacular, mas não menos decisiva." (Fernando Braudel)


8 - A História é a substância da sociedade. (Agnes Heller)